Vaga Inocência

“VAGA INOCÊNCIA”

Marcondes Filho

Que pensamento me vaga no ocaso da vida?

Se me vem palavras soltas

As sinto como neve ao cair da tarde.

Pelo vão da janela, sinto

“Deus é branca natureza”.

Ao longe um sonho ficou

E por mero descaso

O perdi como palavras que nunca escrevi.

Se me cobram sonhos

Lembro com saudade

Recados de uma época

Que sonhos eram a minha realidade

Perambulava por almas humanas

Sorria de tudo a minha volta

E me entregava ao meu próprio descaso.

Que vida insana descobri?

De todas que conheci, nenhuma!

Eram os meus retratos em preto e branco.

Pálidas lembranças,

Pura inocência...

Hoje me fazem sorrir.

Levavam em seus alforjes

Desejos imaculados

Resultado de tolas histórias como as minhas.

Eram sorrisos agradáveis

Perdidos na inconsciência adolescente.

Por caminhos impensáveis,

De trânsito louco,

Em desatino traçavam todo o destino.

Passeavam pelas nuvens de branco cristais

Com seus pensamentos vagos

Pueris...

Mas na integra, mãe perene perpetuava,

Em “vagas”; ondas torrenciais.

Deixavam de seus sonhos

Tristes pegadas na neve.

Mas natureza continua vida, ora

De branco alvo noturno

Mas meus sonhos estão empalidecidos

Mesmo que nunca esquecidos.

Do vão da janela retorno a minha apatia.

Descortino vagamente inocente

Em meu pensamento

Ilusões perdidas no desgelo de minha vida.

Cubro-me de lembranças passadas

Resumo constante de meus desatinos.

Semente humana

Minh’alma persiste

Em lembranças deixadas

Na esperança hoje sem cor.

De verde pincelei meus sonhos

E se

Desbotados ainda persistem

Sinto como último aviso

Em um corpo ora cansado

O derradeiro destino

E sem que me veja no futuro horizonte,

Entrego-me em desleixo,

Calo-me

Deixo-me

Em perfeito compasso

Do descompasso de minha vida;

Por uma “Vaga Inocência”

Por meus sonhos que se foram.

Fim.