Numa Estrada...
Numa curva qualquer de alguma estrada
(existirá endereço mais preciso?)
encontrarás jogada ao acostamento
uma folha de papel, suja e rasgada,
que algum poeta, por algum motivo,
deixou voar, sem direção, ao vento.
Numa curva qualquer de alguma estrada
(todos sabem onde fica esse lugar!)
os versos tristes que foram abandonados
fazem como se um dia, e hora marcada
houvesse para os reunir, ao chão jogados,
num doloroso exercício de versar.
Numa curva qualquer de alguma estrada
quando ouvires um estranho burburinho,
não perturbes os versos que sussuram
palavras de saudade, amor, carinho,
e que jogados ao chão ainda perduram
na esperança de ser tudo, pois são nada
para aquele que cruza o seu caminho.