Verborragia quase sem sentido

Encontro desenhos falantes

borboletas que não voam

gônadas que não gozam

e não encontro você!

Vejo tudo jogado no lixo

cometas caindo em baldes d’água

bocas gargarejando sangue

moicanos pichando:

‘Sex Pistols’

em camisetas surradas

de pseudos-punk’s

e não encontro você!

Já senti saudades sem desejar um reencontro

encontrei sonhos reais na minha irrealidade

li livros com páginas intermináveis

eu vejo, vejo portas, portas arrombadas

vejo The Doors e todas as people are stranger

(Menos você)

Encontro tórridas e

gelatinosas

e-jaculadas Morrisônicas

e-não encontro você!

Tudo se fecha

numa intrincada obscuridade

para todos, para mim,

anoitece, anoitece, anoitece aqui.

Vejo grandes undergroundes

pequenos mainstreans

e grandiosos porras-loucas

e não encontro você!

Já procurei embaixo do tapete do globo

nadei até as profundezas mais sombrias

li incessantemente o livro:

Universo em Desencanto

bebi da mesma bebida que Tim Maia

dividi átomos indivisíveis

recusei o Nobel da Limitação

pedi conselhos à Alexandre Magno

e não encontro você!

se toda a força de vontade criasse um lugar

mesmo um quarto vazio

mesmo paredes brancas

se eu soubesse onde se encontra a substância da gravidade

se houvesse um contato direto com a insanidade

eu também encontraria a mim

mas não há motivação pelo passado

não há esperança para o futuro

não há perspectiva para o presente

se não encontro você, Deus!

JimMorrison
Enviado por JimMorrison em 23/03/2012
Código do texto: T3570537