brincar de indio
Às vezes compareço, outras tantas, falto
Inconstância, pois, em mim é verdade;
Não há pára-quedas nesse ousado salto,
que detenha a força dessa gravidade...
Ora chuto o balde, outra engulo o sapo,
meu tempo oscila em ambígua estação;
Se, arrosto as ondas ou quando escapo
ouço queixumes do próprio coração...
Assim me vejo sem saber o porte certo,
se sopram censuras destras ou sinistras;
Os oásis até permitem vidas no deserto,
mas não vetam sonhos de fartar as vistas.
Obra perfeita prescinde de retoques,
Eu não passo de projeto inconcluso;
Doutora Sophia dá um ou dois toques,
Doutor Apedeuta, aparece de intruso...
O próprio poetar é perder uns cavacos,
imposição do dom, aparando arestas;
Aedos desnudos nem fortes nem fracos,
Polindo almas com suor de suas testas...
Sequer sei se devo me desnudar assim,
Resta brincar de índio, já que to pelado:
A hemodiálise supre ao cansaço do rim,
Mas, seu eu preferir morrer intoxicado?