A Canção e a Liberdade
Ouvi a canção e fui seguindo a tempestade
Eu estava ali, no intervalo da vida, e não percebi
Queria conquistar o mundo todo com a minha verdade
Mas, triste, reconheço: Nem a mim mesmo conheci!
Fui desvendando segredos do meu oculto
Culto ao desconhecido reflexo de felicidade
Mas, aos poucos, fui notando: tornei-me um vulto
No obscuro caminho da busca pela verdade
Uma sentinela dos portões do novo tempo
De olhos astutos, sensíveis ao menor ruído de desesperança
Vendou-me os lábios, curou meus olhos
E assim, em silêncio, vou desfrutando da visão de meus dias de paz
Não há muito mais além dessas portas
Um caminho de doces árvores, de um céu azul aveludado
Quem sabe o que nos aguarda depois do toque da última nota?
Quem sabe quantas lágrimas ou sangue custaram para estarmos aqui?
Sussurraram pelas montanhas, cantarolaram pelos bosques
Um novo dia! Um novo sol!
À custa do medo, sopramos ventos tempestuosos
Machucamos a face dessa noiva morrente e solitária
Ela ainda agoniza, tenta nos avisar, tenta nos deixar vivos
Um pouco tarde, todos nós sabemos... Tarde demais
Ainda temos tempo para uma boa ação?
Ainda nos resta tempo para sermos pessoas melhores?