NARCISO ALADO
Poeta, um Ícaro eterno...
Nietzsche o chamou de "Übermensche" - Superman;
Ele o é, por que tudo pode...
Vence a guerra armado de palavras, papel e pena;
Voa além do horizonte, além mar incentivando os sonhos com sua mais refinada emoção;
Ouve canções além das cortinas de ferro e toca melodias sagradas com a arpa do Rei Davi;
Sente a dor que o outro experiência, molha os lábios de Prometeu aliviando sua sede;
De olhos cerrados contempla o seu amor ausente e restaura o olhar de Mona Lisa;
Degusta o fel deliciando-se com o sabor de jabuticabas, partilhando o pão que tem nas mãos;
Fala e entende as línguas dos corações apaixonados e entre orvalhos e raios de luar, percorre alamedas solitárias em noites vadias;
Faz-se presente aqui e além dos Pirineus, no coração dos seres feridos pelo Cupido...
Ligado por um espaço no tempo viaja do passado ao futuro vivendo num presente distante...
Reveste-se de arquétipos para falar a todos de amor...
Canta ao trepido som de seus silenciosos poemas...
Anima cenas imaginárias através dos conteúdos inanimados de suas falas...
É um ser eterno como Narciso: Na morte - não tornando-se lírio - tornar-se-á poemas que farão do homem um deus quando sonha e um mendigo quando pensa... Ante o mistério do Amor.
Sam/93