Ando parada no tempo
E neste meio tempo limpo meu passo
Ensaio lenta um contrapasso
Em mentiroso verso amoroso faço posto
Em debochado verso melado finjo entre todos os seres ,
O mais apaixonado
N’ação nefasta meu dedo se arrasta
Rabisco contendo meu riso
Coaduno ironicamente com letra em guizo
E isto faço por pura pirraça
Acenando à multidão como fora tal meu quinhão
Umas partes de mim deixo ao vento
Ao relento...
Fica, pois, aqui este verso mentido...
Pela turba deveras aplaudido...
Assentido...
Mas tal verso, no entanto
É lavrado com certo desgosto...
Um tanto a contragosto
Fica um incômodo...
Um desconforto
Ver assim em papiro meu verso oposto
Não ler em minha letra meu vero rosto...