quase mortais
Em nada de trágica ou dorida, a vejo,
tampouco, assusta dela ser partícipe;
para mim, a morte é só mágico beijo,
que transforma ao sapo, em príncipe;
viver mal, irrefletida, ou impiamente,
antítese de viver, a um sábio parecia;
fazer isso, dizia Demócrito o sapiente,
é um ir morrendo durante muitos dias;
façamos adubo, das madeiras podres,
viçarão nossos pomares, no caminho;
o mesmo tempo que enruga os odres,
atua para acentuar ao sabor do vinho;
se o espelho mostrar um triste idoso,
diga-lhe que não é a alma que acusa;
Narciso viu-se jovem atleta, formoso,
Mas, morreu privado do amor da musa;
todas horas são decisivas, derradeiras,
pois, devaneios morrem um pouquinho;
de tanas de mortes fazem sinas inteiras,
adornam cruzes e deixam pelo caminho...