Reminiscências
Sou de um tempo que não este
Sinto o espaço de agora antigo
Tudo é novo e já me acontece antigo
São dez minutos para além dos outros
O meu relógio se adianta
E não há em mim atraso
Tudo é no exato momento de ser
O encanto não é de descoberta
É de lembrança
Não reconheço o tempo
Vago espaço e resquícios
Recordar como quem sente parece inexato
Devesse talvez recordar como quem enxerga
E as imagens não podem ser o bastante
Os olhos já não são o bastante
E não gosto de talvez
Bastar-se é sentir
E já não sei se falo do espaço
E já não sei se falo do tempo
Se falo de mim perdido neles
Ou deles perdidos em mim.
Álefe de Castro Dourado