QUESTÕES ABSTRATAS
Em cada verso eu me escondo de mim
Em cada palavra suprimo a minha dor
Por não saber suportá-la com mais força
Por não saber onde mora o meu sorriso
Em cada lugar eu me vejo perdido em labirinto
E de um jeito incorrigível, eu existo,
Mas não sei se o tempo me pertence
Ou se eu pertenço ao célere tempo
Em cada sombra eu me vejo andando quieto
Acompanhando as emoções deste meu peito
E resvalando em fios de soberania
Que um dia qualquer eu quero ter
Eu sou, ou estou, eu fico, ou vou
Meu amor é meu mar de sonhos impossíveis
Meu amor é meu existir em linha reta
Num círculo de afeto e verdade
Não sei se meu pensamento me pertence
Ou se eu pertenço ao meu pensamento
Só sei que concordo com o que penso
E discordo por não saber pensar
Em cada lapso de observância de mim
Eu me descubro além daqui e de lá
E no vão por entre as estrelas
Eu navego pelo verniz absoluto do existir.