A VOZ DO VENTO

Se fico parado
Ao lado
Da rotina
Se olho embaçado
Para as esquinas
Se calo
Quando devo falar
Se falo
Quando devo calar
Se não me entrego
Aos sonhos
Se me ponho
Ao touço
Se não me proponho
A mudar
Se não amo
Se não chamo
A liberdade
Para dançar
Se não acordo
O eu menino
Extrovertido
Reluzido
Ativo
Se não me incomodo
Não me indigno
Com a desigualdade
Se me detenho
Na madrugada
Se não tenho
Nenhum objetivo
Se nada
Me interessa
Na via inversa
Da existência
Se há a permanência
De um triste soneto
Se me engaveto
Dentro do ego
Se não navego
Não sou
No soo
Não vou
No voo
Se não ouço
A voz do vento
Se não sirvo
Não me posiciono
A favor da anistia
Se não recepciono
A poesia
Se não me explodo
Em sentimentos
Então eu não vivo.