Alienado
Estou tão cansado de olhar pelos cantos
Tão cansado de suplicar ao vazio
Numa desfigurante ansiedade movida por lembranças
Vejo apenas sua ausência a arrastar meu desespero
Enquanto tento abrir as portas que você fechou
Permanecendo no mesmo frio em que me deixou
Amargando a perda da beleza, do calor em dias gloriosos
Falando para mim mesmo
Tudo o que deveria ter-lhe dito antes
Acordando de um sono quase eterno
Emergindo de sonhos alucinantes
Confusão e liberdade atordoando minha cabeça
Asas da ilusão que me alimenta
Sombras da esperança que me ilude
Quanto ainda a pagar, quanto ainda a lamentar
Num frenético ritual de incompreensão e culpa
Por que ainda tanta sede desse cálice
Com tantas perdas a me cercar?
Estrada incerta, com fantasmas saltando de meus olhos
Sigo guiando-me apenas pela inexistência de destinos
Sanidade perdida, quão inútil é a sua busca!