Alienado

Estou tão cansado de olhar pelos cantos

Tão cansado de suplicar ao vazio

Numa desfigurante ansiedade movida por lembranças

Vejo apenas sua ausência a arrastar meu desespero

Enquanto tento abrir as portas que você fechou

Permanecendo no mesmo frio em que me deixou

Amargando a perda da beleza, do calor em dias gloriosos

Falando para mim mesmo

Tudo o que deveria ter-lhe dito antes

Acordando de um sono quase eterno

Emergindo de sonhos alucinantes

Confusão e liberdade atordoando minha cabeça

Asas da ilusão que me alimenta

Sombras da esperança que me ilude

Quanto ainda a pagar, quanto ainda a lamentar

Num frenético ritual de incompreensão e culpa

Por que ainda tanta sede desse cálice

Com tantas perdas a me cercar?

Estrada incerta, com fantasmas saltando de meus olhos

Sigo guiando-me apenas pela inexistência de destinos

Sanidade perdida, quão inútil é a sua busca!

Isaque
Enviado por Isaque em 20/01/2007
Reeditado em 20/01/2007
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