NASCERES E ARREBÓIS

No ventre,

Agasalhado,

Qual uma ostra,

Qual numa concha.

E depois de várias luas,

De vários sóis,

De vários nasceres,

E vários arrebóis,

No ápice de maré,

A concha se abre.

E, na praia da vida,

A ostra homem,

Refém dos urubus,

Dos gaviões e das urutus,

Luta dia a dia.

E a fragilidade,

Independe da idade,

Nessa praia tão quente;

Tão cheia de gente,

Que nem parece gente,

Mas aves de rapina.

E a ostra,

Longe de sua concha,

Longe do seu escudo,

Refém dos falconiformes,

Refém dos strigiformes,

De garras fortes,

Dos bicos recurvados e pontiagudos.

E, na praia da vida,

Depois de muitas luas,

De vários sóis,

De vários nasceres,

E vários arrebóis,

A ostra entra no ventre da terra,

E sua alma sobe ao céu.

Amarildo José de Porangaba
Enviado por Amarildo José de Porangaba em 24/02/2012
Reeditado em 24/02/2012
Código do texto: T3516731
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