versos desbotados

não devemos ter certeza de nada

a certeza só traz confusão

toda vez que ficamos com a convicção,

escapamos de ser poetas

o poeta não coloca o pingo no “i”,

porque o “i” não precisa disso

quando muito o poeta

toma uma pinga

e sai por aí

o poeta é o eterno namorado da dúvida,

ele tem uma dívida

que sabe que nunca poderá saldar,

embora permaneça tentando

por isso troca sempre de Diva –

a quem dedica uma ode,

um soneto ou uns versos desbotados

o poeta se sente assustado

diante da certeza,

quando ela é o prato principal

sobre a mesa

ele não se dá bem com a conclusão

porque sabe que se chegar a algum lugar,

ele acaba, pois não haverá um buraco

por onde possa escapulir

o poeta precisa ser maior

do que o existir, pra que prossiga

no rumo a sua alquimia e seja

impossível a dilaceração do sonho

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 22/02/2012
Código do texto: T3513618
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.