A BELEZA DAS ERAS

Talvez você não goste dos meus escritos

Talvez você não goste de nada. Mal nenhum nisso!

Às vezes um vinho também não agrada

Pode ser que não seja culpa do vinho

Mas do mau paladar

Às vezes é a safra que não foi boa mesmo

De qualquer forma

Os versos uma vez, colocados no papel aos olhos do mundo, não tem mais paternidade. Pertence a quem os lê!

Têm vida própria e serão avaliados como forem sentidos

Ninguém sabe o que serão deles nas páginas de aço do futuro.

Seguem seu curso, independentes, cumprem alguma missão

São feitos para o tempo e não para um tempo

ou para uma pessoa

As pessoas como os vinhos , são consumidos e novos vinhos tomam seu lugar nas prateleiras,

enquanto, a poesia, caminha no eterno e renasce num campo sempre imprevisível

Em algum ponto, em algum lugar, em alguma situação de tédio, ternura ou solidão

Assim ela haverá de conectar-se novamente com alguma realdade

Com o fluxo oculto de alguma dor escondida, de uma loucura não revelada, de uma tristeza, ou do vazio de alguma mente

Sempre ressuscitada pela sensibilidade das pessoas e fluirá em cada palavra como um bálsamo ou uma fina corrente elétrica

Acendendo a alma ou emulando as palpitações de um coração!

Não se deve ter pretensão alguma quando se escreve,

Escreve-se apenas porque se é inquieto, ou se imagina alguma dor

Eu, fui encantado pelo poder das palavras e seu reino lúdico ao qual me acho atado.

Escrevo versos, da forma mais improvável, nas folhas do súbito,

No momento inesperado, nos guardanapos do burlesco,

Minha cabeça não me obedece, se guia por uma faísca de uma palavra ou pensamento e se fecha nela, e se põe como nuvens que parem chuvas, à parir palavras

Minhas mãos obedientes se curvam para que saia o verso

São como comportas que se abrem para as águas, para que passe e se assente a poesia

Meu processo de criação é como chuva, num céu instável, pode ser interrompido sem motivo, o céu muda e tudo pode ficar nublado

Os versos que faço, eles nem imaginariam,

Mas eu os dedico a todos os doidos, os que se entregaram a algum tipo de loucura

E vivem poeticamente, sonhando apenas ou pintando, decorando espaços, bolando novas comidas, tudo é inspiração e tudo são como folhas ao vento. Dentro de um mundo cartesiano e rigoroso, parece loucura

Penso que não escrevo para mim, mas é mentira. gosto de pensar que é assim

Não tenho ilusão de reconhecimento, imagino que não gostaria de ser lido pelos supérfluos que andam na face das coisas, caçando futilidades

Fazendo louvações ao objetivismo, à prata e ao brilho dos metais

Muito menos aos que juntam palavras com cimento dando a elas sentidos concretos, ou pavimentando ideias nos textos cartesianos e lógicos

Dedico-os sim aos amantes, aos que refletem sobre uma realidade que ninguém vê, que navegam no profundo do ser, que boiam nas águas lúdicas dos sonhos.

Escrevendo poemas em suas paixões, no calor dos seus corpos, na espontaneidade de suas almas

Em cujas esperanças de um mundo melhor, se entrelaçam os corais da resistência humana

E a beleza que emanam,

acalma a agonia que vem das eras passadas e ajudarão a brotar um novo futuro

A poesia é assim, um grito para que o amor não pereça!

Para que a realidade não nos cubra de cinza

Para que a beleza dos detalhes

Estejam presentes e sejam percebidas

E deixem vestígios nos vales da alma

Esta menina descalça

Um dia quem sabe, ela acha o sol!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 20/02/2012
Reeditado em 16/09/2018
Código do texto: T3509453
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.