ODE À ILUSÃO DO MUNDO

O mundo nos apresenta em vão a voz do nada

E todos querem incansavelmente mais de tudo

Expor a cada instante a indelével cor que brada

Sufocar com força o grito que nem sempre é mudo

O mundo nos veda os olhos já tão cansados

De verem a dor frente a frente em cada vil segundo

Percorrendo o infortúnio dos caminhos já tão errados

Encobrindo a superfície do lamaçal profundo

O mundo nos faz crer no valor insuperável da matéria

E nos ilude a sermos tão pequenos

Ainda que nossa carne se desintegre

Ainda que não sobre qualquer sã artéria

O mundo, enfim, convida a sermos seus fiéis adeptos

E termos cada vez mais, e sermos cada vez menos

Pessoas, e não números frágeis, venenos,

Seres humanos, e não meros robôs ineptos.

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