O papel e o poeta
Estava o papel
sobre a mesa.
Apenas um papel
tão branco
tão nada
sobre a mesa.
Mas então
para graça do papel
inventaram o poeta
e seus rabiscos.
O poeta desastrado
derramou no papel
suas lágrimas, tinta
e suor.
Esse homem feiticeiro
despejou o seu amor
decifrou sua solidão
e fez do papel
sua vida.
O papel agora
já tão sujo
já tão tudo
terá a chance
de amarelar.
Não se sabe dizer
o que era essa dupla
Se dueto
ou duelo.
Mas papel ganhou
sua história.
Mal sabe,
pobre coitado,
que agora
na imensidão de suas linhas
ele já não é mais papel.
É poesia.