O papel e o poeta

Estava o papel

sobre a mesa.

Apenas um papel

tão branco

tão nada

sobre a mesa.

Mas então

para graça do papel

inventaram o poeta

e seus rabiscos.

O poeta desastrado

derramou no papel

suas lágrimas, tinta

e suor.

Esse homem feiticeiro

despejou o seu amor

decifrou sua solidão

e fez do papel

sua vida.

O papel agora

já tão sujo

já tão tudo

terá a chance

de amarelar.

Não se sabe dizer

o que era essa dupla

Se dueto

ou duelo.

Mas papel ganhou

sua história.

Mal sabe,

pobre coitado,

que agora

na imensidão de suas linhas

ele já não é mais papel.

É poesia.

Alessandra Martins
Enviado por Alessandra Martins em 16/01/2007
Reeditado em 14/08/2007
Código do texto: T349033
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