A TIRANIA DA BELEZA

Os gregos vislumbraram a simetria

E construíram milimetricamente seus deuses esculturais

Atribuíram à noção do belo uma ingênua idolatria

E, desde então, o mundo não se satisfaz

Neste universo preso a tão parcos padrões de estética

Predomina uma ignóbil orgia das aparências

Como se a beleza, essa déspota sobre as essências,

Não tivesse face alguma horrenda, fúnebre, patética

Mil rótulos e imagens encapsulam o ser

Como projeções de um ideal que nem sequer existe

Não se pergunta mais o que se sente, quem é você ?

Pois cada qual tem sua máscara para ser feliz ou triste

Enquanto a beleza exclusivamente externa reinar soberana

Haverá inundações efêmeras de virtuais alegrias

Somente se contemplará por fora o ser a quem se ama

Embora apenas reste a dor íntima e vã ao fim dos dias.

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