IPÊ AMARELO
Quando mudamos para a nova casa
Notei logo a primeira coisa
Foi um pé de ipê amarelo
Que tinha a um muro, bem colado
Muito grande não era
E o que era eu nem sabia
Mas na primeira das muitas primaveras
Ele ficou coberto de flores amarelas
Daí, percebi do que se tratava
Pela manha, todo coberto o chão ficava
Por inúmeras pétalas douradas
E centenas de folhas amarguradas
Ele foi nossa primeira árvore de natal
E a primeira planta a enfeitar nosso quintal
Fazia sombra na cozinha
E muita sujeira na casa da vizinha
Foi então tomada a decisão
De cortá-la para não ter amolação
Ignorando toda aquela beleza
Que nos cedia por gentileza
Dela só restou um pedaço de tronco
Que guardei como lembrança
E hoje serve de ornamento
Em meu jardim de madeira
O arranjo ficou uma beleza
Nem dá para notar toda tristeza
Um tronco morto de ipê amarelo
Em contraste com um florescer singelo
Pois junto plantei mine roseiras
Ironicamente vermelhas e amarelas
A cada semana uma mais florida
E o resto de ipê bem no meio sem vida
Em um único braço que aponta para o lado
Coloquei também de madeira um pássaro
Talvez para trazer mais alegria
Àquela que tanta alegria me trouxe um dia
Sei que foi injusta a decisão
De cortá-la para evitar reclamação
Ignorando toda aquela beleza
Que nos doava por gentileza