Desespero

Vozes perdidas na imensidão da noite

Vozes lançadas ao vazio da escuridão

Dentro dos olhos da noite

Dentro dos olhos da perdição

Vendo meu espírito vagar cada vez mais

Ao centro desse limbo gravitacional

Grilhões que adormecem as esperanças do prisioneiro

Sentença que antecipa a angústia do condenado

Declínio da continuidade - a negação de seu sorriso

Limiar do desejo - a lembrança de seu sorriso

Eu não quero lembrar - meu amor sempre foi tão forte

Mas meus erros sempre me levaram ao limite do abismo

Como uma nação que morre à deriva

Diante de governos vacilantes

Nunca avaliei o tesouro que me cercava

Indo sempre em direção aos portões da cegueira

Nunca fui capaz de ver

A mentira sempre foi o escudo contra minha consciência

Lutando contra essa força

Que empurra-me dia a dia, mais e mais

Para o fundo desse templo de trevas

Boa mulher, se existisse maneira de demonstrar

Boa mulher, sei que pode entender o que quero dizer

Tantas vezes já me perdi

Mas jamais me senti tão deteriorado

Às vezes o passado é um insuportável espelho

E ao mesmo tempo tão desejável...

Às vezes tantas coisas nos parecem dividir

E colocam-se à frente de nossos anseios

Mais um dia de inexplicável cansaço

Só posso dizer que o dia se foi e levou minha paz

E agora, apenas a noite

Nada mais que o vazio da noite

Para abraçar minha inevitável queda

Aura bizarra a me rodear

Nas amargas sombras da solidão

Eis-me aqui, ó deuses do esquecimento

Mãos estendidas a erguer de uma existência, o desalento

E a mendigar vil alimento de desconstrução da própria alma

Isaque
Enviado por Isaque em 16/01/2007
Reeditado em 29/08/2010
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