Desespero
Vozes perdidas na imensidão da noite
Vozes lançadas ao vazio da escuridão
Dentro dos olhos da noite
Dentro dos olhos da perdição
Vendo meu espírito vagar cada vez mais
Ao centro desse limbo gravitacional
Grilhões que adormecem as esperanças do prisioneiro
Sentença que antecipa a angústia do condenado
Declínio da continuidade - a negação de seu sorriso
Limiar do desejo - a lembrança de seu sorriso
Eu não quero lembrar - meu amor sempre foi tão forte
Mas meus erros sempre me levaram ao limite do abismo
Como uma nação que morre à deriva
Diante de governos vacilantes
Nunca avaliei o tesouro que me cercava
Indo sempre em direção aos portões da cegueira
Nunca fui capaz de ver
A mentira sempre foi o escudo contra minha consciência
Lutando contra essa força
Que empurra-me dia a dia, mais e mais
Para o fundo desse templo de trevas
Boa mulher, se existisse maneira de demonstrar
Boa mulher, sei que pode entender o que quero dizer
Tantas vezes já me perdi
Mas jamais me senti tão deteriorado
Às vezes o passado é um insuportável espelho
E ao mesmo tempo tão desejável...
Às vezes tantas coisas nos parecem dividir
E colocam-se à frente de nossos anseios
Mais um dia de inexplicável cansaço
Só posso dizer que o dia se foi e levou minha paz
E agora, apenas a noite
Nada mais que o vazio da noite
Para abraçar minha inevitável queda
Aura bizarra a me rodear
Nas amargas sombras da solidão
Eis-me aqui, ó deuses do esquecimento
Mãos estendidas a erguer de uma existência, o desalento
E a mendigar vil alimento de desconstrução da própria alma