PEDRA, PRA QUE TE QUERO

PEDRA, PRA QUE TE QUERO

Autor: Luiz Bento Pereira

Existe a pedra dura

Que a água mole não fura

Assim como a pedra macia

Que em minhas mãos atrofia

Existe a pedra que atirei

Até agora, porque não sei

Ela foi o reflexo do meu medo

Da fragilidade da minha própria existência

Da minha falta de paciência.

Existe a pedra em forma de feijão

que enfeita meu coração

Tem o formato de um grão gigante

Marrom lúgubre de um tom pedante

E cabe na palma da minha mão

Existe a pedra sabão

Em forma de violão

Onde gravei com a minha própria mão

Os versos da minha solidão

E o transformei em canção

Para cativar seu coração

Existe a pequenina pedra que eu chutei

Existe a pedra minúscula que mastiguei

Existe a pedra que no meu espelho atirei

Existe aquela que no seu caminho joguei

Existe a pedra bruta

Da minha razão absoluta

Dos dias da minha labuta

Existe a pedra moída

Areia da minha vida

Em forma de grãos, desprotegida

Arrastando-me lentamente

pelos caminhos de ida

dividida, ou subdividida

Sem despedida conhecida.

Existe a pedra que eu joguei no rio

E afundou com tudo aquilo que sonhei

Existe a pedra que espatifei

Que transformei em pó, sem dó

Levou meus sonhos de bobiça

Em forma de areia movediça

Existe a pedra que me feriu de fato

alojada em meu sapato

Quebrando o encanto do meu salto alto

Ou aquela que me acertou em cheio

E que me partiu no meio

Existirá ainda uma pedra fatal

Com um formato especial

Para o último dos meus dias afinal

O que chamam de juízo final

A pedra ornamental

A tão sonhada pedra filosofal

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 06/02/2012
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