olhos
“Pousada nos ombros a cisma”
Alexandra Oliveira
É onde pouso os olhos.
Na planície das cores
dos corpos inertes
e de outros corpos iguais ao meu.
É onde pouso os olhos.
Sendo eles animais
espreitam os perigos, os alimentos
que a planície guarda na bolsa das cores.
É onde pouso os olhos.
No mundo dos vícios.
Olhos que se abrem,
olhos que se fecham
num voo raso, sem asas
no pó antepassado.
É onde pouso os olhos
e a mente. Na natureza.
Sucata sou neste mundo
que adormeço e amasso.
Do meio de ferros, destroços
pousada nos ombros das folhas da noite
desembrulho verdes, da ferrugem,
as mamas do outro mundo, o meu mundo.
É onde pouso os olhos e acredito
que cismar não muda a planície dos meus dias.
Olhos, os olhos, olhos ...
Os olhos que reflectem o pouso do dia
são dos pensamentos, que apanho do chão.
15.01.2007
©Ana maria costa