Imprevalecente Espírito
Dias de escárnio
O ladrão salta diante dos olhos da lei
Afrontando a autoridade de sua mão forte
Olho ao meu redor
E vejo a pequena parte do mundo que me cerca
Sinto-me perdido
Em meio a essa terra fertilizada de dor
Vejo a amargura de seus frutos
Estampada nas faces daqueles que me rodeiam
Suas flores, a todo esforço,
Negarem-me seu perfume moribundo
Atos que transgridem os limites da tolerância
E meu coração hoje chora
Pois sabe, outrora foi livre
Minhas mãos estendem-se aos céus
Mas a verdade que habita o paraíso nenhum sinal envia-me
"Oh Senhor da Criação, lançai vossa mão
E apagai a luz que guia meus olhos
Para que, com fogo eu não veja
A terra ser curada de todo o mal que nela rasteja"
Mentes que anseiam por minha presença
Corpos que anseiam por meu calor
Corpos que a meu corpo já aqueceram
Corpos que jamais voltarei a coabitar
...Tudo é dor
Mas o sangue que escorre
Fortes raízes finca em solo fértil
E crescendo, seus ramos consomem
E a toda resistência subjugam
Por fim destroem os pilares da mentira
Porquanto sua espada é a verdade
Mergulhada num mar de tristeza, afoga-se minha alma
E meu coração hoje chora
Pois sabe que o horizonte do perdão
Está agora além de montes intransponíveis,
Enigmas indecifráveis e labirintos de pura perdição
Então prostra-se meu espírito em leito de escuridão
E as brumas do esquecimento lhe são por companhia
Em lágrimas que amargam o preço da ignorância
Em lágrimas que queimam o arrependimento
Em lágrimas que que a culpa logo absorve
E lá descansa...
E lá descansa...
...lá descansa