IDAS E VOLTAS

O confronto, o ponto, o contra ponto,
O tudo, o nada, a palavra controversa,
Os olhares de desencontros,
As dores que cortam sem pressa.

A idas, as voltas, as eternas cicatrizes,
O ontem, o hoje, o amanhã,
Os passos trôpegos, os deslizes,
O afã de anistia, a triste poesia, a filosofia vã.

Os destinos entrelaçados, as rasuras,
As almas perdidas, as encruzilhadas,
A linha tênue entre a lucidez e a loucura,
A mácula, a lágrima, as páginas amareladas.

O livro incompleto dos nossos dias,
Os ventos, os fragmentos, os sonhos desalados,
O pudera, a primavera que se distancia...
No túnel de um tempo sem tempo - embaçado.

A geografia, a arqueologia de cada momento,
O traçado, o estado das coisas, o peso,
A herança, a mudança de comportamento,
...
E nem eu, nem você, sairemos ilesos.


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INDO E VINDO

O tudo, o nada,
os extremos que se tocam,
os opostos justapostos,
a tristeza, a alegria.
Eu nem sei se dou bom dia,
pois o amanhã já me foge,
mais que depressa ele corre
pra longe de mim...
triste fim.
Tempo lento, eu apressada,
fico, então, muda, calada,
como perdida no nada
sem saber o que fazer.
Tudo pode acontecer.
Poesia que me assiste,
vem dizer se o que existe
é real e verdadeiro,
não quero ser prisioneira
duma ilusão passageira,
que se distancia, vazia,
sonhos mortos, tantos corpos...
Em tanto história comprida,
parece vago, perdida,
nem sei como terminar.
Sonhos teço em desapreço,
já esqueci qual o começo,
e pergunto:onde é que está?
 
(HLuna)