Lembranças que tornam-se lembranças
Quantas peles de veludo minhas mãos tocaram,
Acariciaram faces, faces estas que meus lábios beijaram,
Sonhos que conquistei, outros tantos que sonhei
Ou até mesmo que confiei ao silêncio, ou em silêncio.
Quantos verões tornaram-se amor,
E outros tantos converteram-se em dor,
Enquanto eu procurava uma razão para minhas poesias.
Quantas vezes eu dizia, que nada tinha a dizer,
Penetrava nos olhos alheios, e me via por estes olhos.
Quantas canções brotaram das batidas do meu coração,
E quantos prantos tornaram-se versos, antes de eu os esquecer.
Quantos olhares me encontraram,
E outros tantos se perderam pelo caminho.
Quantos sóis viraram noites, quantos desamores viraram lembranças.
Esquecimentos que tomaram meu futuro,
E o escuro que feriu meu peito,
Deste mesmo jeito estranho e misterioso meu destino segue,
Como um rio que tem muitas nascentes.
Serei sempre parte do meu presente, do meu passado, do meu futuro,
Como uma virgula que menciona que não é o fim,
Pois sempre existirão novos risos, novos prantos,
Verões tornando-se invernos, sofrimento virando paixões,
E lembranças dando lugar a lembranças.