AUTO-RETRATO..
Sou a mim
que me vejo
no verso
inverso do espelho
chorando minh'alma ensandecida
e respingando
o suor de letras
murmurantes e surdas
Sou um absurdo errante
que espera a mim,
paciente
e se apaixona, veja,
pelo meu eu
louco e envolvente,
mas não se dá conta
que o alegre,
talvez seja triste
talvez, trágico.
Sou o que precisa crer
mas vadiamente desconfio
que eu nem sei
se sou verdade, embuste
ou saudade dessa
sombra que me faço,
por exemplo,
no frágil desvalir
do Sol poente;
brilho ardiloso,
mas impotente,
e ainda assim...
Deus, quero viver!?
Sou o que se esvai
em versos lentos
e loucos
porque esse
é o meu instante,
o meu presente e destino
E olho o teu rosto
tão lindamente iluminado
abro os meus braços
desgarrados, sacudidos
pelo vento,
e como alento
de louvores
te imagino, num abraço,
receber a ti vaidoso
Cai a face, cai o pano
Quem sou eu?
Quem sou?
(Tadeu Paulo - 07/01/2007)