SE FEDE...
Burguês-hippie fede,
BCD-publicidade fede,
Gorda-insolente fede,
Executivo-ray-ban fede,
Velho-rançoso fede.
Tudo (naturalmente) fede.
Clichês-idiotizados fedem,
Negro-pop-estar fede,
Figurinos-tão-iguais fedem,
Motéis-dos-importados fedem.
Tudo (maquinalmente) fede.
Livros-remédios fedem,
Revistas e artigos-avons fedem,
Louras-pretas fedem,
Brancas-escurecidas fedem,
Nobre-clássico fede.
Tudo (irremediavelmente) fede.
Sexo-banalizado fede,
Milênio-róseo-eletrônico fede,
Consumo-imbecilizante fede,
Fenômeno-pau-vagina fede.
Se fede, amigo, se fede...
Professores-analfabetos fedem,
Igrejas-ossos-secos fedem,
Vítimas-expiatórias fedem,
Autores que se julgam escritores fedem,
Competição capitalista fede.
Financeirização de tudo fede.
Arte-fúria-consumo fede,
Baixos interesses fedem,
Alvorada-crepúsculo fede,
Lixeraturas fedem,
Conservadorismo-masturbador fede.
Nossa condenação a um eterno futuro fede
(se fede)
Fede tanto que alguns perdem a Sensibilidade.
Obs. Uma leitura execrável, nefária, infame (absolutamente arbitrária) deste poema é pelo viés dos preconceitos. Seu busílis é atacar a massificação, a alienação, a coisificação. Devemos nos aceitar como somos, sem, é claro, passividades; mas auto-realizações salutares.