Os Mil Corpos

Amanheceu, e todos acordaram mais velho,

Não se lembravam mais de como era a textura de sua face.

O sol também nasceu mais velho,

Assim como as flores, as nuvens e a chuva.

Era estranho,

Mas todos agiam como se nada mudasse,

Mas tudo estava diferente, o mundo era outro,

As pessoas eram outras, mas tudo parecia o mesmo.

A voz que desprendia-se de minhas cordas vocais,

Tinha um tom estranho, não era assim,

Parece que eu era o único a me incomodar,

Pelas mudanças drásticas do mundo.

Até ontem eu tinha os olhos de uma criança cheia de vida,

Hoje porto os olhos de um velho cansado,

Mas não lembro de abandonar a juventude,

E antes que algo pudesse fazer,

Estava preso a velhice.

Parece que nesses muitos anos,

Que nem me lembro de viver,

Minha alma migrou por vários corpos,

E hoje descontente me contento,

Sabendo que jamais amanhecerei no corpo,

Que eu pensara ser meu para sempre.

DjavamRTrindade
Enviado por DjavamRTrindade em 24/01/2012
Código do texto: T3458682
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