A MORTE DO POETA
Ao cair da tarde
vermelho horizonte.
Na manhã que se derrama em luz.
Sob o luar que a noite ilumina,
de estrelas cintilantes...
morreu o poeta.
Durante a chuva e
seus trovões anunciantes.
No momento em que
a mais bela flôr se abria,
em que a fome
o indigente consumia...
morreu o poeta.
Em tempo de semeadura
do dourado trigo
que alimenta e sacia.
Nas trincheiras da guerra,
sangrenta e irracional.
À sombra benfazeja
dos galhos das mangueiras...
morreu o poeta.
Entre os soluços do
gemer fremente dos que
se amam perdidamente.
Ao lado do solitário
perdido em si mesmo,
de si mesmo escravo...
morreu o poeta.
Nos braços de uma criança,
de alma pura e sorrir sincero.
No colo de todas as mães
que embalam um filho doente,
mísero e sem homenagens...
morreu o poeta.