Pensamento

Pergunto-me se sou minha,

Se sou de alguém,

A quem pertenço.

Só o que sei é que

Tenho a sensação

De não pertencer

Desde criança.

Não pertencia à família,

À minha vontade,

Aos meus objetos,

Aos meus planos.

Fui levada de um canto a outro

Pelas senhoras do destino

As parcas ou as moiras.

Mas foi tudo muito cruel.

Levada de lá para cá

De cá para lá

À vontade de sei lá quem.

Estava no leito agonizante

De quem eu amava.

Nos hospitais a cuidar

De manter viva uma pessoa adorada.

Me via envolvida no olho do furacão

De lá para cá,

De cá para lá,

Onde de mim precisassem.

Hoje me pergunto a quem pertenço

Talvez eu já tenha a resposta

Pertenço ao meu pensamento

Este sim, um ser autônomo.

Ele vai e vem

Eu não o domino.

Como não pertenci a mim mesma

O pensamento também

não me pertence.

Ele domina minha vida,

Me inclina a amar,

Odiar e perdoar,

Sofrer e sorrir,

Chorar e secar lágrimas.

Oh, pensamento tolo,

Deixe-me por uns instantes

Para que eu possa

Mesmo de forma ilusória

Julgar que me pertenço.

Emar
Enviado por Emar em 12/01/2012
Código do texto: T3436667
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.