O Muro

Em minhas veias

Mais e mais a vida se esvai

A vida é agora imutável

Aprisionada que está atrás da cortina de ferro

Negam-nos o progresso

Arrancam-nos a liberdade

Da costa leste, furiosos ventos

Trazendo-nos a tristeza

Naves da desesperança

Aportando em nossas praias

Nossos olhos quebrantados com o vazio

Nossos sonhos despedaçados

Eis que agora revelam a perfeição de nossas deformidades

Enquanto beijamos a mão que nos faz sangrar

O muro rouba-nos a felicidade

Homens em armas observando-nos, apartando-nos

Nosso sangue, em incontáveis batalhas, derramado

Agora escorre por entre suas rachaduras

Em nossos lábios, o gosto do concreto

E nossa lucidez contida está em vergalhões de loucura

Isaque
Enviado por Isaque em 10/01/2007
Reeditado em 19/02/2007
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