O Muro
Em minhas veias
Mais e mais a vida se esvai
A vida é agora imutável
Aprisionada que está atrás da cortina de ferro
Negam-nos o progresso
Arrancam-nos a liberdade
Da costa leste, furiosos ventos
Trazendo-nos a tristeza
Naves da desesperança
Aportando em nossas praias
Nossos olhos quebrantados com o vazio
Nossos sonhos despedaçados
Eis que agora revelam a perfeição de nossas deformidades
Enquanto beijamos a mão que nos faz sangrar
O muro rouba-nos a felicidade
Homens em armas observando-nos, apartando-nos
Nosso sangue, em incontáveis batalhas, derramado
Agora escorre por entre suas rachaduras
Em nossos lábios, o gosto do concreto
E nossa lucidez contida está em vergalhões de loucura