Doce afã
Mergulhada em meu labor
Nada penso, à própria lida
Sempre entrego a minha vida
Em nada mais o meu dispor.
Horas bebem meu suor
Se alimentam do meu ser
Do labor recolho a dor
Mas também o meu viver.
E assim me entrego afeita
Ao mais sutil holocausto
Confiante que da empreita
Colherei riso mais lauto.
Sei que um dia, afadigada
Me dispense deste afã
Sequer haja um amanhã
Haja um fim para a jornada.
Até lá, fiel prossigo
A lançar sobre o meu dia
A semente deste trigo
E colhendo a poesia.