CORAÇÃO À BORDO
Nas ruas, o meu barco de papel,
É levado pela intensa enxurrada,
Tão leve como nuvens lá do céu,
E escoltado aos olhos da amada.
Deslizando qual sangue nas veias,
Dobra esquinas, transpõe bueiros,
Ao se molhar, enxuga-se na areia;
Surfa ondas, safa-se dos atoleiros.
Luta e reluta, nem assim se desfaz
Sob carros, segue-se sem se notar,
Dribla o gato, o rato, faz-se audaz
Rodopia, gira e torna-se a se rumar.
Flutuando ao som de uma canção
Lá vai ele, em meio à correnteza,
Levando consigo o meu coração
De encontro às mãos da princesa.
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 05 de janeiro de 2012.