MANDADO DE SEGURANÇA
Impetrei um singelo mandado de segurança
Para assegurar o direito líquido e certo
De transformar a dor de toda vã lembrança
Em lindos eclipses de amor concreto
E nessa complexa ação mandamental
Suscitei como necessária uma liminar
Que tem como "periculum in mora" o mal
De não conjugarmos o verbo "amar"
A tempo de sermos uma só alma,
Como "fumus boni iuris" sem ar,
Como êxtase que não acalma...
Sim, meu amor, sua extrema insensibilidade
É minha maior e nítida prova documental
E pré-constituida nos autos da sua autoridade
Neste processo lento entre o bem e o mal
No qual nunca existirá coisa julgada
A ser desconstituída com ação rescisória,
Atacando setença já tão eivada
Do vicio extremo entre a dor e a glória
E do resquício intrínseco de ilegalidade
Perdido em cada sombra do processo-dor
Como lide entre insônia e leviandade...
E com fundamento na maior das leis,
E com suprimento na menor fração,
De todo amor, o melhor dos reis,
Poderei vencer esta singela ação,
Como mandado de segurança
Que impetrei com meu coração,
Dizendo, em suma, que você é réu
Confesso, por não saber amar,
E quiçá por não saber que o céu
É a última instância no patamar
Da Justiça Eterna do Amor Sublime,
Com tribunais no melhor lugar,
Condenando o ódio, nefasto crime.
Destituindo o pódio de todo mar
Da cruz que a luz redime,
Nesta excelsa missão de amar.