Diante do espelho tomo consciência...
Do meu corpo marcado...
Minhas formas disformes...
Minha pele com frisos...
Sob a pele consigo ver vasos finos, mas presentes...
O tempo trabalhou em mim...
Consigo perceber uma beleza madura...
Não tão fresca ou rija
Mas, experiente e real...
Meus olhos enxergam menos diante de um livro...
Mas conseguem ver muito mais das pessoas...
Não ouço mais ao longe.
Mas o filtro em meus ouvidos tem o poder de captar a palavra não dita
Definir pelo tom de voz a veracidade dos sentimentos...
Não me deixo arrematar pela paixão
Mas não resisto a viver um momento de compaixão...
Aprendi que perdoar não é esquecer
Mas, aceitar que nem tudo ou todos são como esperamos...
Esquecer não é apagar da memória...
Mas se policiar para não se repetir em cobranças sem sentido...
Amar não é entregar-se de corpo e alma...
Mas encontrar a comunhão que existe em dois seres tão diferentes...
Ser feliz não é ter tudo... Conquistar o impossível...
Mas ver como é possível encontrar a tal felicidade no pouco que temos...
Viver não é correr riscos e cometer loucuras
Mas sentir que cada dia é único e insubstituível...