DESCONSTRUÇÃO
por meus membros contraditos
por minhas células que se renovam
ou se autodestroem:
distribuo pés contra o solo
em que, feito a flor mais comum,
desconstruo-me
e. m u l t i p l i c o-me
replico-me em furta - cores,
em talos rebentados
do umbigo
n’um balsâmico perfume
espargido...
a natureza
verte o cálice dessas pétalas de corpo
em utopias me desramam
ou tanto,
pelo avançar das horas,
em flamas
de história,
me corroem
a cada minuto findado
sou eu mais
(in)completo,
(in)converso
ao todo do meu ser
sinto o quão bom é
consentir-me
em ceder ao que me desconstrói
ao que, aos poucos, vai e não me resta
ao que se me desmancha
em mechas
gasosas ao ar, tornando-me o conteúdo
da atmosfera que aspiro...
não sei se sinto-me menos,
se minto-me mais
em assim perder-me
ou se, simplesmente, viver
é o ato de entregar-me
às veleidades d'um mar
mesmo estando-me a velejar
em mim