DILEMA
DILEMA
O que fazer?
Se a ironia já não contenta
E o desprezo pela ilusão
É forte.
O que fazer?
Se a rebeldia não mais existe
E o apreço pela solidão
É forte.
O que fazer?
Se a elegia que toca, incomoda
E o presságio que assusta
É forte.
O que fazer?
Se a ideologia de outrora é nula
E o medo inexplicável e sombrio
É forte.
O que fazer?
Se a utopia lentamente desvanece
E o destino dos crentes
É forte.
O que fazer?
Se a melodia ainda enternece
E a rima que vem e se impõe
É forte.
O que fazer?
Se a poesia é teimosamente crua
E mesmo assim conflituosa e forte,
É poesia.
O que fazer?
Corromper-se?
Acomodar-se?
Indignar-se?
O que fazer?
Leopoldina, MG, 13 de junho de 2004.