Amalgamando Desejos
Internamente dá pra notar
que algo mudou,
ruiu, desabou, acabou,
todo aquele castelo e conto-de-fadas
que havia no meu mundinho,
pedacinho, minimozinho de mim mesma,
tanta toleima e eu persistia,
insistia, carecia, padecia,
numa opinião restrita, mal vista
do exterior, do espaço ao redor,
do que havia de maior.
Certamente eu percebo que as mudanças
são pra melhor,
chegarei onde quero?
- Sim, eu chegarei,
verei, sentirei, amarei, farei
tudo o que almejo,
desejo melhorar.
Mas antes do futuro , há o presente.
Percebe? Sente? Entende?
Analogias amalgamadas,
parcimônias exacerbadas
e palavras saem rimadas
dentro de mim, com um sentido
que quer externar essências pessoais.
A mais é bem verdade
que às vezes é menos.
Há um consenso que pretende
aumentar espaços... laços, retratos,
quase filmes de prováveis negativas,
interrogativas.
Cativas no peito algum amado eleito?
Afirmativas sucumbem minhas prováveis perspectivas,
assertivas que elejo...
Meus sentidos todos voltam-se
pra um ponto em comum:
minha poesia,
ideia e fala minha que sai escrita,
dita, sentida, percebida
além do meu ser que se limita
numa roupa de carne e osso
que é o meu corpo,
numa roupa de sentimento que é minhalma.
Minha poesia me desenha
frente a outros olhos e outros ouvidos
e outros espaços.
Ela chegará em locais nunca visitados por mim.
Enfim, minha poesia é o que de melhor
e faço,
é todo o abraço que eu consigo dar
no mundo que me comporta e me abriga,
brigando por uma condição melhor.
Intempéries vividas fizeram o caráter melhorar,
moldando uma pessoa que quer sempre aprender,
que quer provar outros locais,
outros cheiros, outras vistas
e outras formas de vida.
Que quer sair de previstas trilhas.
Que quer percorrer milhares de milhas,
além do percurso que o corpo já se habituou a percorrer.
Quero ouvir outros rostos
e ver outras vozes
sentindo saudades daqui...