domingo azul...
“Tá lá um corpo estendido no chão.”
Está lá uma vida inteira na contra-mão.
Algumas vezes, não.
Apenas mão... afago...
Dele em alguém... num copo... um trago.
Outras vezes, negação...
Do afago... de alguém.
Solidão... contra a mão.
Está lá um sonho roto no chão.
Sem rota... quebrando o cais... da solidão.
Fartou-se... da vida.
Ora sem vida... hoje sem vida.
Hoje com vida... nalgum lugar...
De chegada... não mais haverá partida.
Não mais...
Hoje... vida interrompida.
Recomeço... em algum lugar.
Está lá uma mala retida... sem mão.
Várias mãos abrem-na... tocam-na... fecham-na.
Ele... sem vida... novo ainda...
Só uma mala... havia nela uma vida.
Vida e mala... vazias... agora.
Janelas em volta... muitas… com vidros.
Olhos espreitam... “protegidos” pelo vidro.
Uns riem ainda... outros silenciam...
Mundos... mudos.
Está lá uma árvore presa ao chão.
Pálida.. cúmplice... sem verde... sem norte.
Estática... morta viva.
O vento não passa por ela.
Contorna... e entorna choro.
Nela... um "colar" azul que pontua...
Corda... laço.
Domingo azul... escurece marinho.
Desenlace... da vida... do nada... num instante mudo...
Ao tudo... à paz.
Karla Mello