CANS(AÇO)

Não é de aço, a têmpera humana.

Se bem que a incandesça dúctil chama,

que lhe serve, ao mesmo tempo, de motor,

as faíscas de ignição são o amor

e o ódio, mas sem instância

de seguir qualquer lei de alternância.

Porém, para bem da humanidade,

o ódio não conhece eternidade,

ou,

falando humanamente,

o amor não dura eternamente...

Arrefecemos.

E cada vez que o fazemos,

cedemos às cinzas

matérias precisas

para manter a combustão

desse fulcro a que chamamos coração.

Não é de aço a nossa têmpera.

Se arrefecemos,

amolecemos.

(Deus lá sabe o que faz:

há quem diga

que nesta liga,

há moléculas de PAZ...)