Meus “is”
Próximo de terminar a tinta
Assim é a vida a escrever suas linhas
Marcas deixadas como últimas palavras-borrões
pressionadas e lidas pela intuição
Meus olhos, como dois balões,
flutuam por entre manchas desprezadas
— meras falhas —
de insuspeitada beleza artística
Resgatando à alma em silencioso motim,
a nobreza da morte em vida de não ser o fim
Ainda que tente — tal qual lugar-tenente —
me falta a voz de comando ao exército de tinta que corre como sangue
Exangue tenho uma carta, não na mão,
mas no coração
onde molho a ponta de minha pena invisível
Com ela escrevo o que me atrevo
ser a carta que me lembre o que há em mim
Mais tarde quando já não haverá mais tempo
olharei por entrelinhas tortas
perceberei que todas as extraviadas palavras
não mais serão do que os pingos nos meus “is”