NESTE FALSO LAMENTO...
Deslizas entre frias covas abertas
Com o breu da noite, na tua alma
Sobre a relva morta, pisas, incerta
Trazes nos olhos vazados, a calma
Da pele despida, o ranger dos ossos
Do pútrido perfume, espalhado no ar
A triste lembrança, dos beijos nossos
No fundo d'alma, a vontade de amar
Na passarela macabra, a tua nudez
Num desfile de horror, na lápide fria
Teu requebrado ruidoso, e a palida tez
Onde choram, as perversas carpideiras
Neste falso lamento, de amor e poesia
No lúgubre som, das horas derradeiras.