POESIA ELEMENTAR

Gostaria de ir até algum lugar

onde os pássaros falassem,

e dissessem como é ter asas

para voar...

Algum lugar onde as borboletas

pousassem nos ombros sem temer,

e dissessem como é ter asas

para voar...

Queria recolher o mar num palmo

de mão; e recuar todo medo num colo

de mãe; e levar ambos, o mar e o colo,

a todo instante frágil

onde eu queira abrigo

da agonia de existir.

Gostaria de ir até algum lugar

onde a quintessência se materializasse

Se expandindo em fendas seculares

irreparáveis, intocáveis e subjetivas.

Alguma era em que as nuvens se deixariam ser

acariciadas

E os rios seriam leitos. Leitos mesmo,

com travesseiro e tudo,

e uma estrelinha viesse me dar

boa-noite.

Algum lugar onde a poética elementar

sustivesse mais que um pão.

Algum lugar onde a poética elementar

fosse radioativa

Algum lugar onde ninguém me explica.

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 04/12/2011
Código do texto: T3371578