POESIA ELEMENTAR
Gostaria de ir até algum lugar
onde os pássaros falassem,
e dissessem como é ter asas
para voar...
Algum lugar onde as borboletas
pousassem nos ombros sem temer,
e dissessem como é ter asas
para voar...
Queria recolher o mar num palmo
de mão; e recuar todo medo num colo
de mãe; e levar ambos, o mar e o colo,
a todo instante frágil
onde eu queira abrigo
da agonia de existir.
Gostaria de ir até algum lugar
onde a quintessência se materializasse
Se expandindo em fendas seculares
irreparáveis, intocáveis e subjetivas.
Alguma era em que as nuvens se deixariam ser
acariciadas
E os rios seriam leitos. Leitos mesmo,
com travesseiro e tudo,
e uma estrelinha viesse me dar
boa-noite.
Algum lugar onde a poética elementar
sustivesse mais que um pão.
Algum lugar onde a poética elementar
fosse radioativa
Algum lugar onde ninguém me explica.