Encruzilhada

Às vezes me sinto numa encruzilhada, perdida no caminho sem saber o que fazer. Às vezes as margens da estrada não são claras, e ando pela beira do abismo sem sequer perceber.

E se alguém passa e me encontra, e vê o abismo aos meus pés, não me ajuda, não compreende, só repreende e acha tudo saber. Pretende que eu siga o caminho dele, que trilhe estradas que não desenhei, pelos motivos que guiam seu próprio andar.

Afinal, quem é que sabe todas as respostas? Quem é que realmente sabe sempre onde deve ir? Quem nunca esteve numa encruzilhada, parado, esperando, se perguntando o que mais fazer?

E enquanto os outros falam, pretendendo, desde sua auto-suficiência, que ajudam, o abismo aos meus pés chama meu nome, e me inclino na beirada e olho o espaço sem fundo. Na encruzilhada me encontro, não sei o que sou, não sei o que quero, não sei se continuar, recuar, me lançar a esse abismo colossal. Olho aos lados, vejo estradas, mas não há setas, nem instruções, e o único que encontro dentro de mim é a dúvida a me paralisar.

Como sair da encruzilhada? Como me achar? Como encontrar a saída? Como compreender o que não compreendo?