tempos e modos do verbo viver

Agora sou a versão amadurecida,

Do incerto fedelho de um dia;

Brinco com outra sorte de artes,

Ignoro a dica de Descartes,

Ainda relembro o que fazia...

O futuro do pretérito errou o passo,

Não sou jogador que ontem queria;

Nem o Grêmio nem a seleção,

O destino sonegou uma mão,

E não fiz os gols que eu faria...

Ainda faço amor com as letras,

Só que agora, empunho o giz;

Veríssimo Scliar, e outros magos,

Destes e de distantes pagos,

Ensinaram a urdir palavras, e eu fiz...

Lamento os madrigais que rasguei,

Quando dancei co’as primas quimeras;

Os amores que declarei ao papel,

Soldado do amor preso no quartel,

Contando as bravatas que não fizera...

Como fogem entre dedos relíquias,

E delas não diviso o mínimo traço;

Resta rebuscar naquelas taperas,

Pegadas das imaginárias feras,

Pro auto-retrato que agora faço...

De certo, apenas essa predileção,

De versar o que foi e o que não sei;

Enquanto o ar circular nas veias,

Das luas novas, crescentes, cheias,

Cantar seus encantos, eu farei...