Momento de ira
Despi-me da pele, da carne e do osso;
Estou, portanto, nu. Sou agora espírito
E sinto-me, pois como um colosso
Por não ser mais um ser finito.
Apraz-me isto e posso falar do mundo então,
Este lugar de tantas alegrias e tristezas
Tão cheio de bondade e corrupção
Em que sorrimos e choramos nossas agudezas.
Graças a Deus (?) não mais vejo de perto a fome
Nem a humilhação da miséria absoluta
Onde a humanidade perde seu verdadeiro nome!
Deus! Perdoa, pois o que digo é meia mentira
E apesar de fazermos a Vida uma avarenta prostituta
Quero é viver! Este foi mais um momento de incontida ira.
Cícero