Tempestades
A semente do acaso surgida
E talvez por acaso plantada
É agora árvore bem erguida
Porém, está ameaçada.
Pois como é certo e todos sabem
Após bonanças vêm tempestades
Que quando se vão com suas maldades
Nada deixam para as bonanças que de novo cabem.
As tempestades não marcam data para vir
No entanto sabemos que um dia virão
Mas não nos preparamos para sentir
E apenas lamentamos após a destruição.
É a autoconfiança, boa, mas se excessiva
É má como a infiltração na parede saudável
Provocando a destruição lenta e inexorável
Corroendo aos poucos a base que parecia indestrutiva.
Agora os galhos tremem com o vento forte
E o tronco balança inseguro na terra firme
Se lhe arrancam as raízes chega-lhe a morte
E gritará agônico: – Ninguém quis ouvir-me.
Mas daquele que cai em luta porque não resiste
Não se pode jamais dizer que teve fracasso
Pois contra algo maior basta um passo
Em falso para perder, pois a derrota também existe.
Humanidade – bilhões de conjuntos unitários
Que querem cada um o seu mundo
Por isso condenados a serem solitários
Numa queda em eterno precipício sem fundo.
Outro mal é ansiar sempre pelo fim
De qualquer coisa antes do seu início
É este o começo do tempestuoso precipício
Que começa e termina na palavra MIM.
Cícero