O aquário da vida
O sol transporta a sombra,
Que desce um a um os degraus;
Donzela passa e dá de ombros,
Na árvore sobem os pica-paus.
Outros alados de galho em galho
Buscam por pão, ou apenas brincam;
O motivo? Vai ser cortado o baralho,
É tempo, em que ovinhos trincam...
Eis o aquário da vida na sala!
Abstraído, o poeta olha de fora,
A sina balançando não o embala,
Amanhã não será, como é agora.
Olhar da alma perpassa paredes,
Onde constrói, amplas janelas;
O mapa pra fonte a própria sede,
No porvir a tinta, de sua aquarela.
O vero amor, às vezes rechaçado,
Por faltar pacote e laços de seda;
Ao lobo, as ovelhas chamam, amado,
Desde que, daquela forma proceda.
Amor é espinhoso e sempre doído,
Vítimas inocentes, a bem da verdade;
Quando logra ser correspondido,
Já não é amor, mas, felicidade...