A espada da língua e seu dano

O sol deita depois de murchar as flores,

Que suplicam por alento ao regador;

Disse o Senhor: A cada dia suas dores,

Se Ele disse tá dito, afinal, é o Senhor...

Espada da língua rasga a própria bainha,

Depois de vulnerar ao que nem era ameaça;

Arrasou fortaleza que sequer força tinha,

Embriagada com sua própria cachaça...

Agora que se sabe, traído o Rei Arthur,

Sem carecer o concurso de um Lancelot;

Que serve a majestosa espada Excalibur,

Camuflada entre flores, a naja deu o bote...

Paixão desmedida é víbora sorrateira,

Não só nas coisas pertinentes à alcova;

Nas raias da amizade, de muitas maneiras,

Remove setas, que não carece que mova...

Se as pessoas ousassem medir conseqüências

Repercutir em si mesmo, antes de falar;

Em átrio alheio, dessem mão à prudência,

Enfim, preparassem a terra antes de plantar...