SEM POESIA

Risco - rabisco o papel, crio imagens, tento
Transportá-las para o espaço incolor,
Transformá-las em algum encantamento,
Aprofundo no meio do nada,
Cavo os buracos da madrugada,
Com toda força que as entranhas têm,
Teço, estremeço congestiono o pensamento,
Amplio a alma no firmamento,
Rompo o silêncio do oceano interior,
Deixo vir à tona, os anseios, a utopia,
Defloro a palavra, acordo a alvorada,
Divago na simplicidade do amor,
No aqui, no ali, no aquém,
Me faço errante, oposto ao rumo da via,
Não sei se curva ou se reta,
Faço o que posso, esboço um olhar de poeta,
E espero... mas, a poesia não vem.


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PALAVRAS
 
Risco, rabisco, insisto...
 Às vezes paro - desisto:
não me vem a inspiração.
Tento, ainda
uma outra vez,
mas nada me satisfaz.
Palavras são sempre iguais,
diferente é que é a gente
que sabe usá-las com graça
em cada verso que escreve,
em cada linha que traça.

HLuna